terça-feira, 13 de janeiro de 2015

não tem pé
nem cabeça
não centro
canto ou beirada
caminho ou trilha
ta desconexo
evasivo
inscrito
transpira
salpica
la vida
ta fraco
vazio e febril
sangue ralo
e pé dolorido

espirito definha
alma inspira
o corpo
não respira

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

hoje ta tudo dendê
a pele queima
e os olhos se fecham
ao fitar o clima vermelho laranja da cidade
hoje o povo estremece
a cada voz e ruído
que ultrapassa o espaço limite
do eu e a sanidade
hoje tem fogo em toda parte
a beleza se fora
inocência
silêncio
hoje
é dia
a noite
é vida
meu pai e minha mãe
dançam sobre as chamas
e exercem suas forças sobre esse povo


sexta-feira, 25 de abril de 2014

DIAS SEM CORES

tirou-me a poesia
tirou-me as cores
tirou-me o amor primo
tirou-me o sol
como uma massa corpulenta
de áurea negra
e energia podre
de águas sujas e rios rasos
pairou sobre meus jardins
me intoxicou com teu vazio
me envolveu por tua falta de vida
me fez hospedeiro de tua alma
que ainda vaga pelo mundo
sem motivo certo
me fez cinza
me fez dor
me fez fraco
e quando eu já esgotado
débil e desatinado
quando minha imperfeição não lhe alimentara
partiu sem rumo
sem olhar para trás
como quem tem certeza que o corpo está morto
e eu assisti seu caminho sendo feito do chão
mas com uma esperança ainda não descoberta em mim
dada pela terra
pelo céu
que me manteve vivo
e me trouxe um novo amanhecer.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

e ele nunca pensara que amar pudesse ser tão árduo
acostumado com a morte
pecados de guerra
traições
poder
não percebeu que a pior de suas derrotas seria se entregar a alguém
um novo golpe
um novo corte nas costelas
mais uma vez ao chão
e o grito abafado que é familiar aos seus próprios ouvidos
enganado por uma miragem
uma visão de uma vida diferente
perdido de novo no deserto de cinzas
nascido para lutar
recomeça sua caminhada
com cicatrizes não só no seu corpo
mas em sua alma.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

um fantasma de si
vagando em sua própria existência
buscando um sopro de vida
assombrando suas lembranças
fluindo pelo mundo
imperceptível
invisível
vivendo de nada e por nada
transparecendo a morte que o mantém vivo


domingo, 16 de fevereiro de 2014

a cada toque seu
senti feridas de antigas batalhas
cicatrizarem
senti o coração velho
animar-se
senti que o que era meu
também era um pouco seu
pude beijar seu sorriso
te abraçar contra o peito
acariciar seus cabelos
invadir sua boca doce
sentir sua pele
sem medo
eu era seu
e você era meu
só por hoje
eu sou seu
você é meu