domingo, 10 de maio de 2015

culpei-o
culpei-me
culpei o tempo
culpei o dia
a doença
a vida
a amargura
culpei até a culpa
num prazer sádico de me enganar
culpei tudo e todos
pelo peso que carrego no peito e nos ombros
pelas amarras nos dedos
a sujeira das veias
e os caminhos sem rumo.

nada
vazio
lacrimejante
desfalece
envelhece

um pouquinho de paz e afeto
carinho velado
sorriso de graça
angústia rasteira
calor na orelha
tilintar de dedos
balançar de pernas
parar de tempo
em tempo
é medo
acidez eufórico
disforia
sintonia.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

expurgo

tolo
eunuco
babão
pedaço de carne desprendido no tempo-espaço
eu te detesto em todas pequenas coisas
a principal delas
me fazer te detestar
tal sentimento me irrita e me enoja
mas por você
insisto em conservá-lo

pense menos, veja menos, saiba menos, fale menos
flutue e expire
inspire e suspire
sem sussurros, ruídos
trepidações
seja pequeno e silencioso
caminhe em passos lentos e espaçados
aprende!
aprende a não ensinar
não mostrar
não anunciar
aprende a não entender
a deixar passar
a deixar rolar
controlar o que não se controla não tem graça
saber o que não se poder mudar é sofrer
falar pra quem não quer ouvir é perca de tempo
faça seu feitiço com portas fechadas.

domingo, 3 de maio de 2015

ijexá

ritmo de encanto
sedução
o ardil de minha mãe
é traduzido em passos lentos
e sorrateiros
na delicadeza do movimento das mãos
e no arrastar dos pés
ritmo que ensina
a ser água
fluído
conquista
feitiço