domingo, 21 de agosto de 2016

a gente mata todo dia
só eu já matei três
o primeiro matei por acaso
hoje matei mais um
amanhã vou morrer.
Notícias de cá

doente é quem se mantém são
duro é aquele que chora
Entorpecer-se é a mais sincera oração.

o moço na esquina não sabe quantos passos vai dar
a moça teme a escuridão
onde o garoto a muito se perdeu.
A esperança morreu.

os dedos cansados estão sempre a se cansar
e a cabeça pende pra frente, esquecida ali.
Trabalho não é mais trabalhar.

há vozes que brandam, gargantas que se embaraçam.
em meio a tantos aflitos.
Pastor bom grita alto.

não há mais origem
não há notícias por vir.
Essas notícias são (a)deus.



sexta-feira, 29 de julho de 2016

moça mulher
mulher garota
rapariga moleca
peregrina
ela não vem de longe 
mas já percorreu longos caminhos
e nem pensa em se cansar
muito menos em parar
a peregrina descobriu que em seu caminho
suas andanças
sua estrada
é onde ela pode deixar pra trás, purificar-se, emponderar-se 
e ela é ótima em se desprender
deixou pra trás a castidade e a culpa
o medo e a servidão
deixou coisas
caixas e mais caixas
esqueceu pessoas
aos poucos se livrou até de seu nome
que já não cabia mais naquela que renascia
como uma fênix
mudou a cor do cabelo como quem troca de roupa
vermelho laranja loiro verde
 ou qualquer outra coloração que fosse possível passar pra sua cabeça
se livrou do sutiã
junto com a vergonha
e as vezes deixou as outras roupas pra trás também
se aventurou em caminhos imaginários
 desgrudou-se do ventre e dos seus
abandonou o rancor e a amargura
se livrou de idéias ideais
dona de sua própria história
ovelha sem dono
mulher sem macho
peregrina.