terça-feira, 7 de novembro de 2017


meu peito é ouro e meus olhos nunca se fecharão
ainda que eu encontre nos pés a esperança de sorriso imprudente
minha face reage aos espetos que atravessam a garganta.

quanto se pode chorar sem escassear as forças de si?
as lágrimas purulentas que colorem minha visão, em meio aos cílios sedosos
parecem alívios férteis da emoção
mas secam-se junto a pele como seiva pagã
tornam-se marcas duras da existência marginal.

preso no imaginário da vida que se merece ter
eu só encontro fé naquilo que já morreu
e só rego o que secou.

essa minha atração pelo que já se foi,
ainda há de me matar.

Nocturna.


sábado, 14 de outubro de 2017
















todos esses quadros podem se amarelar
mas pictórica vermelhidão desse momento
ainda será sua
em minha digital consciência
eu sou cyberfreak

você é tróia

contaminado pela curiosidade
outra vez no podre lado da beleza
seja em pixel
seja em gozo
o querer está nos dedos


quarta-feira, 4 de outubro de 2017



Que a arte fale,

e que o coração se exploda.

A febre já passou.


Quem veio, se fartou,

e o Outro já morreu.

Tem pra todo mundo.


Se te conto e encontro

foi pra me fazer feliz

Não tem beijo que pague

o prazer de ser meu


Me lambe da cabeça aos pés

me engula fio a fio

alergicamente cuspa

e diga que não sabia


eu sempre soube.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

a labareda que antes flamejava pela virilha e subia ao pescoço, se apagou
a comida podre que deixei na geladeira, não fede mais
meus passos não são mais largos
e meu cabelo já se secou
eu não olho para o chão
mas também não encaro suas deixas
se tu tens flores, deixe em minha lápide
pra você, eu já morri

sexta-feira, 10 de março de 2017

os bigodes ainda perturbam as delicadas peles
que brandamente acolhem as agulhadas amorosas
que repuxam o resto do couro e trincam os ossos em agonia

belamente a paixão se fez
como o amor se foi

o sol que cintila preguiçoso sobre meu ninho
é o sinal, de que vida ainda há
da chance de voar
no meio de caminho