quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

não tem poesia que cale meu barulhento coração.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017



eu não consigo mais
remoer suas palavras e seus toques
tentando decifrar seus sentimentos

não consigo mais
navegar no mar de incertezas
esperando você me ancorar


não consigo mais esperar
pra saber se você vem no mesmo barco
ou vai me deixar afundar


eu já deixei pra trás tudo que podia
mas meus pés ainda estão doloridos
e não consigo andar

devo ficar e abraçar teu tronco
ou continuar a velejar?



perdi as palavras
agora cuspo aqui essas letras
mais uma vez postulando meu espirito desatinado
em poemas viscerais
amostras da experiência
recados de consequência




quando eu não posso escrever, sou escrito.

domingo, 17 de dezembro de 2017




Entre fodas que fodem
línguas que calam
batidas descontentes
egos e ismos
ostento o adorno de vidro
agradeço cada estilhaço que se enfia
padeço com o pão na boca

Entre toques calados
prazeres de falo
e gélidas bestas,
sugo o músculo chamuscado
exploro os becos
encontro os nós dos ossos.

em curvatura fetal
nos joelhos postos
ou na garganta disposta
o gozo é imposto.

eu me calo.

Quebro o pescoço
estilhaço tendões,
dissipo o sangue pelos bifes que restam
da autópsia de meu prazer

Embebido em formol
Salpicado de pontos
Enfebrecido por ácido
Disponho ao meu peito espaço para respirar
as cores, tela para ser
ao novo, o nascer.

Ainda que me custe a vida para viver, a desordenação liberta e a transfiguração, transmuta.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017



eu rio


eu só sei seguir e sentir

por vezes lento, profundo

outras seco, escaço




eu crio em descontrole

me apego a terra arenosa

e me escasseio no ar




se eu pudesse me remontar, encaixaria em você?

quantas pétalas devo arrancar pra achar a sorte?

mas quando irei fluir, se minhas ondas sempre acabam por se arrebentar em pedras seculares?

como posso te tocar, sem cessar suas chamas?

como posso estar ao seu lado, sem borbulhar por dentro?

quando iremos coexistir em sincronia?


eu e meu rio de fogo.


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

esse desbalanço mental
a cura prometida
persistência
pode voltar

velhas cartas foram jogadas fora
 e a mesa parece reluzente.
os frutos postos saciam os olhos
e plantas fincadas sobem lentamente aos céus

em cada canto há uma esperança
e alguns louva-a-nada

o som persistente vem das paredes
contaminadas pelos discos

espelhos e mais espelhos entulham os corredores
e eu espero que nunca os esqueça

quando chegar, chegue descalço
conte aos novos, o novo
prove o café
encontre o agridoce.