domingo, 9 de fevereiro de 2020

Pamonha de padê
Dois Mil e Dezenove

Querem me apagar
Folhas em branco
Paredes azuis
Querem acabar com toda cor
Controlar o tom
Trassejados retos
Querem que o som se arraste
O dourado se cale
BRANQUIAÇÃO

Pictórica psicótica antibiótica
Sinestesia hipnótica
Furya frontal
Narcisa Lacrimal

Borbulho pigmentante
Arrasto ondas vermelhas
Preencho céus com amarelo
Salpico cor sobre cor
E o preto é minha guia
Derrubo baldes sobre o mal agoro, agora
Toda gente pode ver
Todas cores em mim


Jogo ao vento um nome
Colho folhas d'água
A pele arde e eu quero mais
Espelho espelho meu
Que eu veja além do eu
Espelho espelho meu
Que eu veja além do eu




Eu não sou. Eu faço. Eu não sou. Eu me construo. Eu não sou. Eu estou. Eu, eu, eu, eu, eu.
Nós, estamos, aqui.






14/01/2020
Vá se lamentar no anseio por se alimentar
Porém sabes que só se farta do que nutre
E proteínas e vitaminas não vem em pílulas
É preciso cultivar cada feijão que brota no bucho
Regar a arvore que rasga as entranhas, do cu a boca, rumo as nuvens
Onde se hidrata no voar
Na acreditância de quem sabe, sintonizar
A terra carne, o infinito astral e o não-nada-ninguém.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Na fossa

A tristeza não é mais de cor
O repeteco se repete
Martelando
Afundando
Será rumo ao
Fundo
Do poço

sábado, 18 de janeiro de 2020

não tem pingado mais aqui dentro
pingava
mas transbordou
viro cachoeira
e agora de mim vem a correnteza
tromba d'água
redemoinhos moindo espinhos
talhando caminhos
de encontro as minhas pororocas
inundando e lavando o que deve ser afogado
voçorocas nesses concretos fundandes findantes
com o de antes
de agora
e lá,
e aqui, sob meus pés afundados
em todo momento
rio e então, sorrio
imparável
incessável
irreprimível
incontável
interminável
o dilúvio começou
e eles vão queimar.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Vejo cores emotivas em cada quadrado redondo espinhado
Carismáticas e sorridentes
As cores pairam
E me embalo
Mas aí  me cego
Enceguesso para o para além
Dos olhos boquiabertos
E invariáveis
Cuidadosamente
Recolho, lavo, hidrato
As cordas vermelhas que irrigam meu olhar
Colo, amarro, costura
A retina não retida
Que fluí
Entre o que há ou é
E novamente consigo enxergar
Todas cores em mim
"a doutora está mais louca que os pacientes"

somos loucas então?
essa pergunta que zombeta minhas ideias, pode ser respondida por essa moça?
será que é o que as outras pensam?

"a doutora está errando tudo"

ser louco é errar?
ou loucos erram?
achava que todos erravam

será nós os errantes?
será que errei
ao nascer em um ninho
que não me cabe

ta tudo errado
(mas ta tudo certo)