terça-feira, 16 de junho de 2015

possível utopia

que não hajam olhares pesados
ombros caídos
cabelos tristes
que não hajam gritos estéricos
palavras de desamor
águas sujas

que os corações estejam sempre vivos
as flores sempre belas
os lábios sempre úmidos
que a cabeça mantenha-se erguida
com orgulho de ser
e ligada ao que é maior que todos nós
amor.


terça-feira, 2 de junho de 2015

não me disseram que eu tentaria desistir
que perderia o sentido
e que os caminhos fugiriam o meu controle
não me disseram

sexta-feira, 29 de maio de 2015

essa noite me cobri com a barra da saia da noite.
queria ter um abajur 
sempre quis 
um abajur a beira da cama de luz branca 
sempre imaginei como seria
 sempre imaginei que ao me deitar para dormir teria alguns minutos de contemplação sob luz daquele abajur 
contemplação sem interrupções 
sem a caminhada preguiçosa para apagar a luz do quarto e retornar ao lençol com a ideia de que o dia acabou
 com o abajur, o abajur que sempre quis seria possível estender esse período do dia lendo um bom livro fitando o teto rebobinando o dia na cabeça
 porém a verdade é que eu percebi que talvez nunca tenha um abajur
 pois no escuro do findar do dia tenho algum momento de consciência cega de olhar para o negro não olhar ou realmente olhar o abajur aumentaria a ânsia por ver por iluminar
 e eu sei que a escuridão também me alimenta talvez até mais que a luz do sol 
e com certeza mais que a luz fraca do abajur que talvez jamais terei

domingo, 10 de maio de 2015

fu*ja*

não confio a ti minhas chaves
não entrego a ti meu braço, em meus passos cegos
não me enamoro aos seus ouvidos, quando finalmente preciso falar


culpei-o
culpei-me
culpei o tempo
culpei o dia
a doença
a vida
a amargura
culpei até a culpa
num prazer sádico de me enganar
culpei tudo e todos
pelo peso que carrego no peito e nos ombros
pelas amarras nos dedos
a sujeira das veias
e os caminhos sem rumo.