nossas cabeças um dia tão leves
só sabiam olhar para o céu
e girar enquanto a chuva caia
agora carregam o peso de um mundo nas costas
peso que nos acanha
e por vezes entristece
nossos sorrisos largos
vindos das coisas mais bobas
agora não tem a mesma força
e as nossas paixões
que ferviam o corpo
e piravam a cabeça
agora piram a cabeça até demais
não somos mais os mesmos
e nunca quisemos ser
só não imaginávamos falar com melancolia
dos tempos que tudo parecia tão vazio e sem sentido
quando na verdade tínhamos tudo que poderíamos querer
não foi por falta de aviso, mas sabíamos que tínhamos que experimentar isso também
passaram tempos, passam anos
e nós endurecemos
e nos amolecemos
juntos
fizemos os cortes e as suturas
traçamos os caminhos e fechamos portas
rasgamos a pele e queimamos as folhas
mas ainda sim, juntos
que possamos recuperar a agridoce alegria que intensamente vivemos
que não deixemos as amarguras nos amargar
porque nossa alma é doce, mesmo que o mundo seja fel
quarta-feira, 18 de maio de 2016
terça-feira, 17 de maio de 2016
não é loucura de artista
ou trapezista
não é desvaneio poético
ou filosófico
não é sinestesia doce
ou sagrada
não é autodefinição
ou autofelação
É o corpo rasgado
é peito ardente
língua suja
pulsar de olhos
São lágrimas de gozo
lacrimosos dias
cabeças nebulosas
É uma prisão
é libertação
sem saída
São os pelos que se espetam
os agudos dos sonhos
a espinha que grita
É o sol que nunca vem.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Minam dos meus olhos a verdade jamais dita
que corre lentamente cada traço do rosto áspero
mutilado por olhos afiados
amaciado por línguas suculentas
Corre em meu corpo
o calor da arma que matou o inocente
da criança que brinca sob o sol
do mulato que carrega o senhorio
Tenho em mim uma esperança mórbida
inocente e patética
O desamor de dez mil vidas
e o vicio de voar.
domingo, 13 de março de 2016
solidão
"Nos últimos dias venho me indagando o porquê da palavra "solidão" vir sempre com um teor de tristeza ou infelicidade, como se fosse algo ruim e não se pode evitar, tão ruim quanto pobreza. Começo a ver agora outros ângulos pra essa tal "solidão" e ela não é tão ruim, nem tão cruel, nem se quer tediosa, apesar que o processo para revogar essa ideia é demorado (para algumas pessoas, nem tanto), mas quando acontece é incrível, você começa a perceber aos poucos como pode ser bom estar sozinho e ser solitário, obviamente, isso não inclui se abstrair totalmente da presença do outro (bem difícil fazer isso), mas sim escolher quando ir até o outro, em um bom momento para ti. É isso, solidão é escolha, opção, modo de viver. Uma escolha que pode parecer egoísta e até sinônimo de um ego rechonchudo, mas para mim é sobre se gostar, se curtir, sabe conviver contigo mesmo, se entender, se fazer companhia e é impressionante como você se torna um melhor outro para o outro assim, depois de saber que você é aquele alguém que está em você e é ele que você tem que amar e colocar em primeiro lugar. É, solidão é escolha, mas também é valorização pessoal, uma vez que assim que começa a entender a solidão percebe também o quão abusivo e destrutivo pode ser o outro, fazendo companhias dispensáveis que te deixam pra baixo, te torcem os pensamentos e te privam de olhar pra dentro. Experimente ficar dias e dias sempre na presença de um alguém, não importa quem seja: você vai se esquecer, te deixar de lado, sua alma vai se encolher delicadamente e se esconder. Você só vai sentir a agonia.
Encontrei o prazer da solidão, de estar comigo e estar bem, também de estar comigo e estar mal, mas só eu vou lidar com isso e sou responsável. Encontrei meu bem querer, minha rotina pessoal, meus gostos esquecidos, minha essência. A solidão pode ser inquietamente barulhenta ou agonizantemente silenciosa, a menos que você toque a musica que irá embalar sua alma."
valentina spectro
terça-feira, 1 de março de 2016
Dois anos atrás meu coração batia mais forte
experimentava a insana sensação de se sentir apaixonado
se fecho os olhos agora posso me recordar da sensação
que de tão forte comprimia meus pulmões e fazia faltar o ar
me fazia feliz como uma criança
com um sentimento tão inocente e verdadeiro
bem, nós sabemos o resto da história
e agora acho que sei
que isso não se repetirá,
não dessa forma
não nessa intensidade.
porque vejamos, olha o que me tornei...
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
o choro explode
a cara entorta
e essa lágrima que não cai?
os olhos já em chamas
meus pensamentos vagueiam cegos
topando com cada monstro que aprisionei aqui
e essa lágrima que não cai?
um gole aqui, um gole ali
quem sabe agora?!
mas só a garganta se fecha
o coração da nó
e essa angustia que me agarra.
a cara entorta
e essa lágrima que não cai?
os olhos já em chamas
meus pensamentos vagueiam cegos
topando com cada monstro que aprisionei aqui
e essa lágrima que não cai?
um gole aqui, um gole ali
quem sabe agora?!
mas só a garganta se fecha
o coração da nó
e essa angustia que me agarra.
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