segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018



engenharia de si
remontar as engrenagens
lustrar os poros
lubrificar o ser


exalar
inspirar
respirar
fluir


é de se assustar
sentir-se estranho por não estar estranho
a calmaria depois da tempestade
a ressaca do maremoto
o vazio após o apocalipse.









terça-feira, 20 de fevereiro de 2018



querer viver
querer e querer e querer




encontrar a sujeira do espelho
o desembaraço da harmonia
relutar contra a essência
a loucura contida


morrer
lentamento compulsivamente alucinadamente
todos os dias
varias vezes durante ele

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018



mente que mente
não há certeza, não há tristeza
se tudo se constrói, tudo se desconstrói
quem é que é?
identidade ou realidade?
fecundar ideologias
emanar imagerias
um passo atrás
e quem é que é?
eu não sou.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

um soco na boca
desdentada
arrebentada
volto ao pop
falo ao falo
vômito no ralo

uma noite mau dormida
acabam-se principios
retorno ao fim
sem medo da hipocrisia
eu sou uma dinastia

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

sou odioso e demoníaco
não me peça a porra da paz
eu não sou de dizer tudo bem

desde que nasci só penso na morte
pra todo lado só vejo dor
e continuam a dizer "é a vida"

quem é que quer a tal da vida se ela é assim?
a certeza do nada, a certeza da injustiça
o preto morre, o branco vive
o macho bate, a mulher chora

e ainda pedem paz
pedem saúde, dizem para acalmar

deviam eram me agradecer
enquanto só tenho ódio e vontade de morrer
se fosse mais corajoso, tinha muito o que matar
você já surtou?
viu o tampo da cabeça cortada em retalhos
e sentiu a consciência escorrer pela cara

eu já surtei
belisquei a carne envenenada
e desfaleci pedindo por mais

quem é que não surta?
vê rumo mas não vê caminho
tem sede mas não tem água
ama tanto que odeia

vamos nos lamber?
saborear a agridoce loucura dos apocalípticos dias
bailar com os etílicos socando boca com boca

me fode e eu te fodo
a fudeção é a unica chance
pra deglutir a desgraça
abridndo a carne e petiscando gozo
na esperança mórbida de que quando o espasmo acabar
ainda haja um trago
 baforar mais um cancêr
não surtar.