sexta-feira, 25 de abril de 2014

DIAS SEM CORES

tirou-me a poesia
tirou-me as cores
tirou-me o amor primo
tirou-me o sol
como uma massa corpulenta
de áurea negra
e energia podre
de águas sujas e rios rasos
pairou sobre meus jardins
me intoxicou com teu vazio
me envolveu por tua falta de vida
me fez hospedeiro de tua alma
que ainda vaga pelo mundo
sem motivo certo
me fez cinza
me fez dor
me fez fraco
e quando eu já esgotado
débil e desatinado
quando minha imperfeição não lhe alimentara
partiu sem rumo
sem olhar para trás
como quem tem certeza que o corpo está morto
e eu assisti seu caminho sendo feito do chão
mas com uma esperança ainda não descoberta em mim
dada pela terra
pelo céu
que me manteve vivo
e me trouxe um novo amanhecer.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

e ele nunca pensara que amar pudesse ser tão árduo
acostumado com a morte
pecados de guerra
traições
poder
não percebeu que a pior de suas derrotas seria se entregar a alguém
um novo golpe
um novo corte nas costelas
mais uma vez ao chão
e o grito abafado que é familiar aos seus próprios ouvidos
enganado por uma miragem
uma visão de uma vida diferente
perdido de novo no deserto de cinzas
nascido para lutar
recomeça sua caminhada
com cicatrizes não só no seu corpo
mas em sua alma.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

um fantasma de si
vagando em sua própria existência
buscando um sopro de vida
assombrando suas lembranças
fluindo pelo mundo
imperceptível
invisível
vivendo de nada e por nada
transparecendo a morte que o mantém vivo


domingo, 16 de fevereiro de 2014

a cada toque seu
senti feridas de antigas batalhas
cicatrizarem
senti o coração velho
animar-se
senti que o que era meu
também era um pouco seu
pude beijar seu sorriso
te abraçar contra o peito
acariciar seus cabelos
invadir sua boca doce
sentir sua pele
sem medo
eu era seu
e você era meu
só por hoje
eu sou seu
você é meu

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Para quem eu quero mentir?
você nunca esteve aqui
você nunca esteve comigo
você nunca foi meu
Para quem eu quero mentir?
você não foi e não será
o último a dizer adeus
Há tanto cansaço agora
nesse adeus
adeus ás noites e aos sonos
adeus ao sorriso sem motivo
mas quem eu quero enganar?
esse sorriso nunca foi meu
assim como você
que pertence ao mundo
que é grande
que me faz pequeno
e que me agita facilmente
para lá e para cá
nesse navegar em sentimentos
com um barco furado
que agora
afundou



 Na hora, no momento, que a primeira folha cair, você irá correr até mim e me contar que tudo que eu conheço está prestes a desabar e é nessa hora que eu quero que você esteja comigo. Essa batalha talvez seja imaginária, mas a guerra é real.

domingo, 12 de janeiro de 2014

com carne enfraquecida
músculos contraídos
o velho babão
buscando o que falar
agindo sem entender
corpo empoeirado
tentando esquecer
pulmão sujo
ranço na boca
com as mãos a trabalhar
automaticamente
se desprendeu da realidade
se perdeu no tempo
e não percebeu
que era hora de ir


sábado, 11 de janeiro de 2014

Eu quero que você pegue na minha mão e me leve pra longe de tudo
que você me faça acreditar que agora seremos só você e eu
e que seja
Quero passar meus dias em seus braços
observando seus traços e acariciando seu cabelo
me perder em você
Quero esquecer  como algum dia cheguei até você
como em um sonho
e apenas vive-lo
Quero uma vida de silêncios confidentes
de espera ansiosa por outro beijo
de corpos apertados e entregues
Quero que eu me esqueça de tudo
e viva em você


Entrei em uma guerra de gigantes
não por minha culpa,
eu só nasci para lutar
já se foram várias batalhas
sigo em frente
com as mãos sujas de barro e sangue
estou desmoronando
mas não há como parar
porque eu nasci para lutar
quando essa guerra acabar
lembrarei de todos inimigos
de todos amigos
golpes e armas
quedas e sorrisos
quando essa guerra acabar
quero que seja de forma gloriosa
não aceito uma derrota
quero que minhas mãos cansadas sejam capazes de cravar um último golpe
para que o nascido guerreiro
apenas pare de lutar

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014



vivo em extremos
estou no preto e no branco
na luz que cega
e na escuridão que revela
estou em campos floridos
em beijos de sorrisos
beijos nos olhos
estou na carne podre
no sangue que escorre
na ferida da mordida
nasço todos os dias
logo após minha morte
meu amor
eu mato
meu ódio
não consigo perder
sou anjo que te abraça com carinho
que acolhe sua fúria, seu fracasso
e sou demônio que te perturba
te possuí, te derruba
não sou branco
sou preto