quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

fato fadado é que de gozo não me nutro
de sentimento não sinto
será mesmo que é vida?
podre e decrépito é o ser
o ego que impede a impetuosa vontade
a escaldante pulsação implorando
por fim
por morte
por nada

terça-feira, 16 de outubro de 2018

sou um demente
Um louco doente sem dente
Peço pão e tabaco
Dou pó e vem paixão
E porque no fim é mórbido
Já avistei tanta seca
Folha molhada e olho enxarcado.
Que agora.Só resta restar...


terça-feira, 4 de setembro de 2018

não tem tijolo a se pisar
teto a se morar
onde possa confiar

não dá um passo
um atravesso de rua
sem sentir a falta de sorte

sem norte
sem destino
o que sobra no ninho
é transmutação

vida inconstante
preso fora da casa
navegando entre o desconhecido planeta em que se faz mais pelo mais do que menos pelo menos.
desequilíbrio social espiritual e moral
indecência gordurosa pingando nas mãos daqueles
que dizem bradar pela justiça


quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Se é verdade que passasse o Rosa pelo cano
O sangue pela veia
A mulher e o útero de areia
Se é então que eu pude ver é saber e crer
De onde vem tal mulheridade?
Como ela mata e como sobrevive
Esquelética vaca magra um dia gorda.
Te amo.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

que eu esteja sóbrio a noite, após me embebedar pelo suco de ódio e sarcasmo daqueles,
que na noite venham as respostas,
que anoiteça, como as manhãs, trazendo o novo e limpo,
que a inquietude poética seja contemplada pela brisa fria,
que o sol que me cega vá e então, me deixe não ver.

27 de junho de 2014

quarta-feira, 2 de maio de 2018

meu amor foi uma linha transparente que se enrolou vagarosamente ao redor do pescoço
você não viu
eu senti

domingo, 25 de março de 2018

escave minhas entranhas e arrebente meus tendões
projete seu fugitivo desamor na minha carne frouxa
atoche em mim tua macheza
me prove e prove em mim que tu é, que tu faz, que tu mete
preencha meu vácuo
estatele minhas vértebras contra as tuas
olhe nos meus olhos
bem no fundo deles
veja
que teu falo é mais que pau
é mais que rola, é mais que pinto
é o triunfo da minha carente flor
que sublima a dor
e desabafa em estancadas desamedrontadas
para por fim
tu me dar de beber
me nutrir.


José dos olhos carentes.

eu só consigo falar de mim
e de quem mais falaria?
se o universo, a poesia e a harmonia só existem
se eu existir
se eu for o ponto
e a vista

me esconder por trás de eu lirismos para o que?
já sou lírico
já sou eu
muito eu
se eu morresse hoje estaria feliz
essa mesma afirmação eu já fiz
 em momento de desespero e angústia
achava que já tinha provado todo o fel que a vida pode exalar
agora afirmo sem pessimismo ou desistência
mas grato pelo que já fiz, pelo que vi e pelo que descobri
e depois da morte, só me imagino vivo na vida dos Outros
não sou perfeito, afinal, ninguém o é
mas deixei minha marca, fiz bons amigos e fui o mais verdadeiro que pude

não, eu não quero morrer
aceitar a realidade da morte é vida
é saber que cada passo que eu der de agora em diante
não é um caminho para o nada
são pegadas marcadas no trajeto
que poderão servir pistas para os que vem


que essa caminhada seja o quão grande quanto possa ser, que eu viva o quanto possa viver e que seja intenso, amável e o que tiver que ser.








em único momento você transformou minha falta de gozo em vontade de te amar.
muito obrigado
só assim permiti descobrir
na descoberta, descobri
o gostoso é me amar.
quem é a fisica para dizer que dois corpos não podem estar no mesmo lugar ao mesmo tempo?
ali arrumados sob a cama
conectados por línguas e ardores
encontrando a pele
enquanto a massa de pensamentos se desfazia
dando espaço ao inexplicável
posso jurar
jurar mesmo
que estávamos juntos
no mesmo espaço
no mesmo lugar
ao mesmo tempo



segunda-feira, 19 de março de 2018

a fome só se sacia com o que nutre.

nunca espera a poeira se assentar
enfia a cara na sujeira
cega-se com terra
e mastiga lama que engole tentando matar o vazio



reergue a cabeça e se põe de pé
sem pressa, sem pressão
a liberdade do corpo é meditação
a simplicidade é salvação

quarta-feira, 7 de março de 2018

tão cheio de emoções
não sabe mais o que fazer com elas
que vem e vão sem motivo e sem dizer porque
da raiva ao contentamento
da paciência a ansiedade
do sorriso doce ao choro penoso

estou borbulhando em intensidade deshumana
eu não sou mais eu
eu sou sentimento.

domingo, 4 de março de 2018

o besliscão de muriçocas incomodam
como as pequenas memórias que por vezes veem importunar

chegam os zumbidos
e logo se esperneia pra tentar se livrar da agonia

poe a mão e coça
tenta acha perdão ou só esquecer

mas é infinita a capacidade de um cérebro sabotador
como é também a de mosquitos por aqui

talvez o melhor seja se acostumar.
esqueci como se dorme
comi um pão mofado
bati uma punheta junto com você

não tem poesia
é só verdade.

sexta-feira, 2 de março de 2018



Há um elo fluido e constante
que permeia o Eu e o Outro

Há uma verdade que rege a vida
não é unica e não é de ninguém

Há haveres e incertezas
que emocionam o estático
e fazem pulsar o ciclo

Há tanto amor
Há tanta dor
O que impressiona é poder sentir
e seguir

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018



engenharia de si
remontar as engrenagens
lustrar os poros
lubrificar o ser


exalar
inspirar
respirar
fluir


é de se assustar
sentir-se estranho por não estar estranho
a calmaria depois da tempestade
a ressaca do maremoto
o vazio após o apocalipse.









terça-feira, 20 de fevereiro de 2018



querer viver
querer e querer e querer




encontrar a sujeira do espelho
o desembaraço da harmonia
relutar contra a essência
a loucura contida


morrer
lentamento compulsivamente alucinadamente
todos os dias
varias vezes durante ele

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018



mente que mente
não há certeza, não há tristeza
se tudo se constrói, tudo se desconstrói
quem é que é?
identidade ou realidade?
fecundar ideologias
emanar imagerias
um passo atrás
e quem é que é?
eu não sou.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

um soco na boca
desdentada
arrebentada
volto ao pop
falo ao falo
vômito no ralo

uma noite mau dormida
acabam-se principios
retorno ao fim
sem medo da hipocrisia
eu sou uma dinastia

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

sou odioso e demoníaco
não me peça a porra da paz
eu não sou de dizer tudo bem

desde que nasci só penso na morte
pra todo lado só vejo dor
e continuam a dizer "é a vida"

quem é que quer a tal da vida se ela é assim?
a certeza do nada, a certeza da injustiça
o preto morre, o branco vive
o macho bate, a mulher chora

e ainda pedem paz
pedem saúde, dizem para acalmar

deviam eram me agradecer
enquanto só tenho ódio e vontade de morrer
se fosse mais corajoso, tinha muito o que matar
você já surtou?
viu o tampo da cabeça cortada em retalhos
e sentiu a consciência escorrer pela cara

eu já surtei
belisquei a carne envenenada
e desfaleci pedindo por mais

quem é que não surta?
vê rumo mas não vê caminho
tem sede mas não tem água
ama tanto que odeia

vamos nos lamber?
saborear a agridoce loucura dos apocalípticos dias
bailar com os etílicos socando boca com boca

me fode e eu te fodo
a fudeção é a unica chance
pra deglutir a desgraça
abridndo a carne e petiscando gozo
na esperança mórbida de que quando o espasmo acabar
ainda haja um trago
 baforar mais um cancêr
não surtar.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

incessantes tragadas gozadas baforadas e deglutições
nos intervalos da vontade de fim
um broto de força

inconstantes pensamentos sofrimentos sentimentos e depreciações
na vontade por inicio
me perco no imediatismo

o relógio não para
meu corpo definha
a alma já se fora
o ar que se enche do fétido hálito da falante boca
o nariz que puxa vida pro peito frouxo
o expurgo poético esvazia a mente da constante desgraça
marcas da língua, marcas da alma
ciclo constante de dor
e exaltação da mesma

se é a vida o que fazemos dela
como não pode haver um pouco de alivio?

não pedira pela maldição
não parou quando deveria lutar

mas bombardeado foi
pelas guerras seculares

solitário e perfurado
planta sementes, mas só vê morte
a certeza do dia

o sol, o café, o cigarro
o pensamento, o descontentamento, a decepção
ainda que haja esperança, tentativa, perseverança
há verdade, sistema e fome

domingo, 21 de janeiro de 2018

não poetize
não floreie o lixo e não dê águas as vacas magras
não responda ódio com amor
não veja escuridão onde só a luz

desponte em fúria e desprezo
jogue com a nojeira e suje-se
aprenda a magia da violência
banhe-se no sangue no seco

não poetize
não traga vida onde tudo já morreu
não ludibrie o olhar
não espere o mal, quando ele já está aqui

atole na merda
engula as desgraças
renomeie a insignificância
se torne devoto da patética demonização
a disforia corpórea que me toma martela cada protuberância de osso
endurece os músculos em pranto calado
comprime os pretos pulmões
revive a dissonância assimétrica do meu amor


como eu, as veias se amedrontam e diminuem o curso
a consciência grita com as células dançantes
e a pele responde em arrepio

dismórfico e trancendente
de todas as mazelas, encontrei cura
exceto pela não existência da humana carne
exceto pelo escárnio do prazer
a negligência do sentir

tão animalesco quanto a morte
não há respostas, não há poder
o caminho segue solitário pelo vale da maldição


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

não sou maria
não sou joão

eu sou o não.
guerreira de si
persistente sonhar

minha pele é dourada
e meu coração é de água

tenho todas cores em mim
e sou preta da cabeça aos pés

ressurge e remonta
incessantemente brada

entre cacos e trapos
a beleza do lixo é sublime



terça-feira, 9 de janeiro de 2018

a poesia disse
e o coração sussurrou
é hora de partir

o toque puxou
a mentira calou
eu fiquei

não teve adeus
não tem um bom dia
a festa acabou

meu coração de água
se expressou.
o que se aflorou
logo secou

esse tortuoso sentimento de perder o que nunca teve
bagunça as entranhas
e mutila os braços
que tentar apanhar no ar
as chaves e os nós
do que não há solução.


o escarnio de seus pulsantes olhos
assombram o sono
trituram os pontos que ontem fechei


sempre em guerra
há muito calejado
não imaginara a dimensão da dor

sábado, 6 de janeiro de 2018



Porta Fechada

ela só queria amar
não sabia o que
não sabia quem
não sabia nem o que era amor
mas desesperadamente se agarrava
tripudiava e se lambuzava com qualquer possibilidade de semear
engolia a fruta da paixão até o caroço
e uma vez engasgada
não conseguia ver nada a frente
se não aquele
que poderia adentrar sua goela
compartilhar do ar
oferecer um alivio

mas ele nunca vem
o alivio nunca vem.
o que vem é agonia
escaldando o ser em espasmos assimétricos
bailando com a inexistência
em estado de desgraça

e o amor? esqueceu-se.





Porta Aberta


Quando o caos se instaurou alarmantemente
a resposta em suplica por sobreviver, foi se calar e mergulhar em si
e alcançar o primeiro fio de sanidade:

Não existe amor sem você
não existiria você, se não fosse eu
Um universo completo
um par em um só corpo
um preto e um escuro
um doando e outro também
a cautelosa sensibilidade
A coragem e a covardia que pegam as mãos
O impeto e a retração em fluxo
Mente e corpo
O principio e um fim em prol do presente.


A sincronia perfeita que agora se principia
é o atestado do que não pode se descobrir
sem a razão emocional
que os solavancos da vida te empurraram.
Esse atestado de cura pelo próprio soro
oferece o conforto de encontrar o caminho para a liberdade,
que vem lenta, imatura e crescente
despertando os olhos
para a verdade sobre amar.


Ele não é próprio. Ele não é do outro. Elu é tudo.
infeliz é aquele que não percebe
não se deixa permear
se põe ao lado, quando deveria ser o centro.
Só não ama quem não sabe amar.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018


tu é uma droga que vicia mas nunca bate
tu é a queimadura dos lábios que cala o apetite
tu é o sorriso mais demente que o assassino pode soltar
não deu o empurrão, nem pediu para voltar
me envolveu e me dissolveu
jogou meus dados e nem esperou pra ver quanto deu

o resultado tu não sabe
meu coração bate mais.



terça-feira, 2 de janeiro de 2018

sem reação

geração da imagem, gera ação da imagem
frusta ação do corpo
masturba ação dos olhos
deturpa ação da verdade
salienta ação dos males
aliena ação dos sentidos