terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

o choro explode
a cara entorta
e essa lágrima que não cai?
os olhos já em chamas
meus pensamentos vagueiam cegos
topando com cada monstro que aprisionei aqui
e essa lágrima que não cai?
um gole aqui, um gole ali
quem sabe agora?!
mas só a garganta se fecha
o coração da nó
e essa angustia que me agarra.

como um rio
me guio ferozmente
não há nada que me pare
e por trás de toda malicia da água
e da turbulenta passagem entre rochas e árvores
há a sensibilidade tão temida
sobre a matéria que facilmente se abala
com um toque, um carinho, uma invasão
por vezes machuca, amedronta e irrita
respostas sempre superficiais
deste rio, ninguém conhece as profundezas
e nem se atreve a conhecer.
de ouro fui feito
e na água do rio me banhei

rainha tu és
teu reinado é de bondade

manhãs de sol
raios de vida

coragem e justiça
a força emposta ao metal

minha alma e meu corpo já não me pertencem
sou d'Oxum

novamente entrelaça meus pensamentos
essa grudenta melancolia
minha garganta mais um vez se fecha
e engasgo
com todo choro contigo
de toda penosa existência
de todo cansaço mental
e apodrecimento do corpo
que definha
enquanto a alma, parece elevar-se
e agonizantemente, se prende
é o velho preto e branco
vida e morte
lá e cá
tão cotidiano em mim.