sábado, 30 de dezembro de 2017

foram dias e horas
não sei contá-los
muito menos mensurar
as fumaças
os ácidos
os etilicos

em meio ao povo
asco e farpas
carinho e comunhão
sem entender muito
dei de mim o que gostaria de receber

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017



essa poesia funcional e decrépita
perdera a paixão e só sobrou interesse


embola-se em palavras enxutas
buscando redenção de seus pensamentos


retoma o ponto e faz virgula
com intuito de não matar a história
ornamenta signos plausíveis
que sugiram um motivo para escrever

brincando com letras
cava a cova do coveiro
mas não lembra da sua.
10 segundos

remexe a cabeça

endireita a coluna
será que foi poisso?
trancou a porta?
olha onde pisa
ele parece ser ele
cadê o cigarro?
a cabeça doeu
vou falar com minha mãe
ele vai falar comigo
meu aniversário
e se eu morresse?
devia parar de pensar tanto
coloca uma musica que alivia
talvez esteja ficando louco
ou talvez morrendo
deu fome
que vazio né?
você não para um segundo
vou fumar mais que passa a fome
comida incrivel
fumar agora vai ser melhor
que vida sem graça
vontade de cagar.

caguei.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

nos meus colapsos sentimentais
a emoção se faz viva
e encontro paz na excentricidade humana

na liquidez dos sentimentos
minhas rezas juradas perdem sentido
e as emoções se esvaem

como eu posso viver sem sentir?
se dos prazeres carnais me nutro
o outro lado deve manter-se intacto
da podridão que compõe as veias
do descaso com o presente
e da vontade de fim.
se meu eu-lirico tomasse vida
eu jamais sofreria por amor
esse enfadonho sentimento
não corresponde ao teu legado
de força e subversão

se meu eu-lirico tomasse vida
ele dançaria a todo momento
e junto aos demônios
semearia a infertilidade do gozo

se meu eu-lirico tomasse vida
talvez não fosse mais eu
não haveria lirismo
e a conjunção de minhas bobas poesias
seriam a propulsão para viver visceralmente

que a escrita jamais cesse.





sábado, 23 de dezembro de 2017



retome a sintonia
encontre o sorriso
alinhe as linhas

entone as emoções como em uma musica




desponte em agudos
eleve os graves
e leve-se pela harmonia





mesmo que perca o ritmo
os tambores que tocaram
as eletronicas distorções


são os partituras
que projetarão sua alma




cada um ouve seu som
cante ao teu coração

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017



decrépito
engasgado
infeliz


engolido pelo devaneio dos sonhos
o acordar é como morrer


não importa as águas
não importa o fogo
quando a verdade aparece
de tão simples e zombeteira
embola toda elaborada fiação


as injeções de desgraça não cessam
o sobrecarregamento da mente é visceral
curto-circuito
e o desejo por autodestruição


eu nasci erro
e não quero consertar.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

terça-feira, 19 de dezembro de 2017



eu não consigo mais
remoer suas palavras e seus toques
tentando decifrar seus sentimentos

não consigo mais
navegar no mar de incertezas
esperando você me ancorar


não consigo mais esperar
pra saber se você vem no mesmo barco
ou vai me deixar afundar


eu já deixei pra trás tudo que podia
mas meus pés ainda estão doloridos
e não consigo andar

devo ficar e abraçar teu tronco
ou continuar a velejar?



perdi as palavras
agora cuspo aqui essas letras
mais uma vez postulando meu espirito desatinado
em poemas viscerais
amostras da experiência
recados de consequência




quando eu não posso escrever, sou escrito.

domingo, 17 de dezembro de 2017




Entre fodas que fodem
línguas que calam
batidas descontentes
egos e ismos
ostento o adorno de vidro
agradeço cada estilhaço que se enfia
padeço com o pão na boca

Entre toques calados
prazeres de falo
e gélidas bestas,
sugo o músculo chamuscado
exploro os becos
encontro os nós dos ossos.

em curvatura fetal
nos joelhos postos
ou na garganta disposta
o gozo é imposto.

eu me calo.

Quebro o pescoço
estilhaço tendões,
dissipo o sangue pelos bifes que restam
da autópsia de meu prazer

Embebido em formol
Salpicado de pontos
Enfebrecido por ácido
Disponho ao meu peito espaço para respirar
as cores, tela para ser
ao novo, o nascer.

Ainda que me custe a vida para viver, a desordenação liberta e a transfiguração, transmuta.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017



eu rio


eu só sei seguir e sentir

por vezes lento, profundo

outras seco, escaço




eu crio em descontrole

me apego a terra arenosa

e me escasseio no ar




se eu pudesse me remontar, encaixaria em você?

quantas pétalas devo arrancar pra achar a sorte?

mas quando irei fluir, se minhas ondas sempre acabam por se arrebentar em pedras seculares?

como posso te tocar, sem cessar suas chamas?

como posso estar ao seu lado, sem borbulhar por dentro?

quando iremos coexistir em sincronia?


eu e meu rio de fogo.


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

esse desbalanço mental
a cura prometida
persistência
pode voltar

velhas cartas foram jogadas fora
 e a mesa parece reluzente.
os frutos postos saciam os olhos
e plantas fincadas sobem lentamente aos céus

em cada canto há uma esperança
e alguns louva-a-nada

o som persistente vem das paredes
contaminadas pelos discos

espelhos e mais espelhos entulham os corredores
e eu espero que nunca os esqueça

quando chegar, chegue descalço
conte aos novos, o novo
prove o café
encontre o agridoce.



emancipação




o ciclo prestes a se fechar

a dona de mim ainda esculpe minha emoções

reboca minha pele

prepara para a celebração



segunda-feira, 11 de dezembro de 2017



a consciência é viva e pulsante

as verdades não existem

e essa é a unica verdade


o imaginário é pura imaginação

você não entende o que é ser

o mundo continua girando


se o universo se replicasse

eu seria o primeiro a saber

terça-feira, 5 de dezembro de 2017



Eu Sol




são 5 da manhã e se parece uma vida toda
minha obsessão por vida altera repetidamente minha sintese
e então, perambulo pelas memórias abarrotadas
combinando emoções num desastre quimico


sem nada ao que me agarrar, volto ao poço que cresci
e novamente me infecto pela dissimulada e chorosa felicidade
enquanto olho pro alto
e me lembro dos meus dias com os pássaros
quando eu me divertia no ar sabendo da decepção de voltar ao chão.


a noite não tem fim
e a chuva parece implorar que eu também me molhe




sob a minha furia de perfeição
o relógio leva um chute
e os ponteiros giram incessantemente
formando um atraente redomoinho que me engole
e eu chego mais uma vez nesse ponto nulo do limbo vital


se sou eu quem eu sou, eu não sei quem eu sou
a luz invade e o medo se desenrola
se eu fosse um pássaro, jamais pararia de voar

domingo, 3 de dezembro de 2017




você borrou a maquiagem que flutuava sob meus poros
os traçados e as pinceladas negras escorreram duras, formando uma nébula decepcionante
é compreensivel que você se impressione com tamanha beleza unica e que em seu espirito desatinado a reação seja destruir. empunhando sua força
como quem cata as mais belas flores nos caminhos tortuosos, você me arrancou da terra
a sua face máscula se descobriu e me fez calar.




Em ato de verdade, permaneceu tudo que se molhou
o espetáculo não parou
e a expressão ressurgiu.
Meu apocalipse me manteve viva.
e assim feito, bastaram dois ou três abraços
e as raizes tomaram conta de meus pés
enquanto brotos floridos me estremeciam
relembrando o poder supremo que me pertence.
A força obscura finalmente me tomou, o caos aconteceu e a coroa de espinhos se fincou em meu crânio,
 consagrando a rainha que aqui se põe de pé.











A batalha nunca acaba




os caminhos de pé descalço
ainda são solitários
e eu ainda espero o toque final


Entre facas e fogo, eu danço no ritmo da lua
cato pérolas no chão
colho tomates verdes
e planto famintos olhos


Pulsantes devaneios tomam conta
meu corpo transcende
A vida não tem fim.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Não confie nas águas
Nos mares emocionais habitam monstros egoístas
Assim como pérolas de afeto
Nós sereias, sabemos do perigo que vem da terra seca
Mas nos esquecemos das estruturas rochosas
E quando o mergulho é intenso
A magia se desatina
Não confie nas águas
Porque elas acolhem gentilmente o medo da verdade

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

terça-feira, 7 de novembro de 2017


meu peito é ouro e meus olhos nunca se fecharão
ainda que eu encontre nos pés a esperança de sorriso imprudente
minha face reage aos espetos que atravessam a garganta.

quanto se pode chorar sem escassear as forças de si?
as lágrimas purulentas que colorem minha visão, em meio aos cílios sedosos
parecem alívios férteis da emoção
mas secam-se junto a pele como seiva pagã
tornam-se marcas duras da existência marginal.

preso no imaginário da vida que se merece ter
eu só encontro fé naquilo que já morreu
e só rego o que secou.

essa minha atração pelo que já se foi,
ainda há de me matar.

Nocturna.


sábado, 14 de outubro de 2017
















todos esses quadros podem se amarelar
mas pictórica vermelhidão desse momento
ainda será sua
em minha digital consciência
eu sou cyberfreak

você é tróia

contaminado pela curiosidade
outra vez no podre lado da beleza
seja em pixel
seja em gozo
o querer está nos dedos


quarta-feira, 4 de outubro de 2017



Que a arte fale,

e que o coração se exploda.

A febre já passou.


Quem veio, se fartou,

e o Outro já morreu.

Tem pra todo mundo.


Se te conto e encontro

foi pra me fazer feliz

Não tem beijo que pague

o prazer de ser meu


Me lambe da cabeça aos pés

me engula fio a fio

alergicamente cuspa

e diga que não sabia


eu sempre soube.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

a labareda que antes flamejava pela virilha e subia ao pescoço, se apagou
a comida podre que deixei na geladeira, não fede mais
meus passos não são mais largos
e meu cabelo já se secou
eu não olho para o chão
mas também não encaro suas deixas
se tu tens flores, deixe em minha lápide
pra você, eu já morri

sexta-feira, 10 de março de 2017

os bigodes ainda perturbam as delicadas peles
que brandamente acolhem as agulhadas amorosas
que repuxam o resto do couro e trincam os ossos em agonia

belamente a paixão se fez
como o amor se foi

o sol que cintila preguiçoso sobre meu ninho
é o sinal, de que vida ainda há
da chance de voar
no meio de caminho

domingo, 26 de fevereiro de 2017

quando a esperança deixa de brilhar
e o sol não queima mais a pele
o cheiro da flor amarela já não alegra o peito
quando o vento para de soprar
e o mundo parece sem cor
só resta sonhar.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

a clareza dos pensamentos se foram como o medo de morrer
os joelhos que antes se dobravam no chão, agora caminham buscando novos horizontes
o coração que antes batia fraco, agora mal aguentam a bagunça de pulsação
não tem mais por onde fazer ou tecer, só resta viver
vida dada e descompromissada
meu único objetivo é ser
vou debochar da realidade e contemplar o vazio existencial
bordarei a história como um grande evento
sem porta de entrada ou cartada final
entre vários sou um
e um é o que preciso.

domingo, 29 de janeiro de 2017

tripudiei sobre as rosas que me cercavam
as pétalas caíram saudosas e queimaram
o ardor das pequenas labaredas que se expandiam pelo ar deixaram em meu corpo o arrepio de partida
formigante e dolorosa
a nuvem que molhava minha nuca se tornou gelo
e os cristais gelados cortaram a consciência seca que me matou.