quarta-feira, 3 de julho de 2019

eu não sei
o que saber
o que fazer
onde ir
como estar
vivo
Fênix negra de chamas gotejantes
Pele ardida, língua sedenta
Mastigue navalhas e engula soro
Costure os pêlos e cante ao mundo
Banhe no utópico sonho
A coluna espinhosa abraça a bolha vital de seu corpo agridoce.
Vá e veja
Observe a pele que rasga, enquanto agulhas fiéis injetam picos solitários
Invente o equilíbrio
Não mais antídotos visuais
Marcas permanentes.
Âmbar Moura
3 de novembro de 2017
Não confie nas águas
Nos mares emocionais habitam monstros egoístas
Assim como pérolas de afeto
Nós sereias, sabemos do perigo que vem da terra seca
Mas nos esquecemos das estruturas rochosas
E quando o mergulho é intenso
A magia se desatina
Não confie nas águas
Porque elas acolhem gentilmente o medo da verdade
poesias irmãs
1. a labareda que antes flamejava pela virilha e subia ao pescoço, se apagou
a comida podre que deixei na geladeira, não fede mais
meus passos não são mais largos
e meu cabelo já se secou
eu não olho para o chão
mas também não encaro suas deixas
se tu tens flores, deixe em minha lápide
pra você, eu já morri
2. Que a arte fale,
e que o coração se exploda.
A febre já passou.
Quem veio, se fartou,
e o Outro já morreu.
Tem pra todo mundo.
Se te conto e encontro
foi pra me fazer feliz
Não tem beijo que pague
o prazer de ser meu
Me lambe da cabeça aos pés
me engula fio a fio
alergicamente cuspa
e diga que não sabia
eu sempre soube.
engolido pelo devaneio dos sonhos
o acordar é como morrer
10 de julho de 2018

Cansado do branco
Foi atrás da preta,
Que só lhe servia,
Quando queria cor.
Magricela, sem noção
Fala o que quer e esconde quando vem a ação
Se tu quer por pele
me dou por cima
Se tu tá ocupado
Eu não to nem aí
@ M B E R negre
1 de março de 2018

Contexto Neuroatípico
Sabores pastosos de um arroto ácido
Zumbido sem cor no meio do escuro
Ventos estralados pelos quatro cantos
Contaminação encubada do romântico pesar
Pensamentos insalubres
Dentição que abocanha o ar
Estilhaços fincados
Pele esticada
Carne borbulhante
Morta ou vivo?
São ou não?
Sã ou amanhã?