domingo, 25 de março de 2018

escave minhas entranhas e arrebente meus tendões
projete seu fugitivo desamor na minha carne frouxa
atoche em mim tua macheza
me prove e prove em mim que tu é, que tu faz, que tu mete
preencha meu vácuo
estatele minhas vértebras contra as tuas
olhe nos meus olhos
bem no fundo deles
veja
que teu falo é mais que pau
é mais que rola, é mais que pinto
é o triunfo da minha carente flor
que sublima a dor
e desabafa em estancadas desamedrontadas
para por fim
tu me dar de beber
me nutrir.


José dos olhos carentes.

eu só consigo falar de mim
e de quem mais falaria?
se o universo, a poesia e a harmonia só existem
se eu existir
se eu for o ponto
e a vista

me esconder por trás de eu lirismos para o que?
já sou lírico
já sou eu
muito eu
se eu morresse hoje estaria feliz
essa mesma afirmação eu já fiz
 em momento de desespero e angústia
achava que já tinha provado todo o fel que a vida pode exalar
agora afirmo sem pessimismo ou desistência
mas grato pelo que já fiz, pelo que vi e pelo que descobri
e depois da morte, só me imagino vivo na vida dos Outros
não sou perfeito, afinal, ninguém o é
mas deixei minha marca, fiz bons amigos e fui o mais verdadeiro que pude

não, eu não quero morrer
aceitar a realidade da morte é vida
é saber que cada passo que eu der de agora em diante
não é um caminho para o nada
são pegadas marcadas no trajeto
que poderão servir pistas para os que vem


que essa caminhada seja o quão grande quanto possa ser, que eu viva o quanto possa viver e que seja intenso, amável e o que tiver que ser.








em único momento você transformou minha falta de gozo em vontade de te amar.
muito obrigado
só assim permiti descobrir
na descoberta, descobri
o gostoso é me amar.
quem é a fisica para dizer que dois corpos não podem estar no mesmo lugar ao mesmo tempo?
ali arrumados sob a cama
conectados por línguas e ardores
encontrando a pele
enquanto a massa de pensamentos se desfazia
dando espaço ao inexplicável
posso jurar
jurar mesmo
que estávamos juntos
no mesmo espaço
no mesmo lugar
ao mesmo tempo



segunda-feira, 19 de março de 2018

a fome só se sacia com o que nutre.

nunca espera a poeira se assentar
enfia a cara na sujeira
cega-se com terra
e mastiga lama que engole tentando matar o vazio



reergue a cabeça e se põe de pé
sem pressa, sem pressão
a liberdade do corpo é meditação
a simplicidade é salvação

quarta-feira, 7 de março de 2018

tão cheio de emoções
não sabe mais o que fazer com elas
que vem e vão sem motivo e sem dizer porque
da raiva ao contentamento
da paciência a ansiedade
do sorriso doce ao choro penoso

estou borbulhando em intensidade deshumana
eu não sou mais eu
eu sou sentimento.

domingo, 4 de março de 2018

o besliscão de muriçocas incomodam
como as pequenas memórias que por vezes veem importunar

chegam os zumbidos
e logo se esperneia pra tentar se livrar da agonia

poe a mão e coça
tenta acha perdão ou só esquecer

mas é infinita a capacidade de um cérebro sabotador
como é também a de mosquitos por aqui

talvez o melhor seja se acostumar.
esqueci como se dorme
comi um pão mofado
bati uma punheta junto com você

não tem poesia
é só verdade.

sexta-feira, 2 de março de 2018



Há um elo fluido e constante
que permeia o Eu e o Outro

Há uma verdade que rege a vida
não é unica e não é de ninguém

Há haveres e incertezas
que emocionam o estático
e fazem pulsar o ciclo

Há tanto amor
Há tanta dor
O que impressiona é poder sentir
e seguir