DIAS SEM CORES
tirou-me a
poesia
tirou-me as
cores
tirou-me o
amor primo
tirou-me o
sol
como uma
massa corpulenta
de áurea
negra
e energia
podre
de águas
sujas e rios rasos
pairou sobre
meus jardins
me intoxicou
com teu vazio
me envolveu
por tua falta de vida
me fez
hospedeiro de tua alma
que ainda
vaga pelo mundo
sem motivo
certo
me fez cinza
me fez dor
me fez fraco
e quando eu
já esgotado
débil e
desatinado
quando minha
imperfeição não lhe alimentara
partiu sem
rumo
sem olhar
para trás
como quem
tem certeza que o corpo está morto
e eu assisti
seu caminho sendo feito do chão
mas com uma
esperança ainda não descoberta em mim
dada pela
terra
pelo céu
que me
manteve vivo
e me trouxe
um novo amanhecer.