mulher garota
rapariga moleca
peregrina
ela não vem de longe
mas já percorreu longos caminhos
e nem pensa em se cansar
muito menos em parar
a peregrina descobriu que em seu caminho
suas andanças
sua estrada
é onde ela pode deixar pra trás, purificar-se, emponderar-se
e ela é ótima em se desprender
deixou pra trás a castidade e a culpa
o medo e a servidão
deixou coisas
caixas e mais caixas
caixas e mais caixas
esqueceu pessoas
aos poucos se livrou até de seu nome
que já não cabia mais naquela que renascia
como uma fênix
mudou a cor do cabelo como quem troca de roupa
vermelho laranja loiro verde
ou qualquer outra coloração que fosse possível passar pra sua cabeça
se livrou do sutiã
junto com a vergonha
e as vezes deixou as outras roupas pra trás também
junto com a vergonha
e as vezes deixou as outras roupas pra trás também
se aventurou em caminhos imaginários
desgrudou-se do ventre e dos seus
desgrudou-se do ventre e dos seus
abandonou o rancor e a amargura
se livrou de idéias ideais
dona de sua própria história
dona de sua própria história
ovelha sem dono
mulher sem macho
peregrina.