sexta-feira, 29 de maio de 2015

queria ter um abajur 
sempre quis 
um abajur a beira da cama de luz branca 
sempre imaginei como seria
 sempre imaginei que ao me deitar para dormir teria alguns minutos de contemplação sob luz daquele abajur 
contemplação sem interrupções 
sem a caminhada preguiçosa para apagar a luz do quarto e retornar ao lençol com a ideia de que o dia acabou
 com o abajur, o abajur que sempre quis seria possível estender esse período do dia lendo um bom livro fitando o teto rebobinando o dia na cabeça
 porém a verdade é que eu percebi que talvez nunca tenha um abajur
 pois no escuro do findar do dia tenho algum momento de consciência cega de olhar para o negro não olhar ou realmente olhar o abajur aumentaria a ânsia por ver por iluminar
 e eu sei que a escuridão também me alimenta talvez até mais que a luz do sol 
e com certeza mais que a luz fraca do abajur que talvez jamais terei

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