quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

11 de outubro de 2014


Não brinque com fogo

Dizia ela
Vai fazer xixi na cama a noite
E aquela ameaça a vergonha do garoto
Era suficiente para faze-lo afastar daquela fogueira a beira do rio
que esquentava aqueles corpos retraídos
Avulsos no meio de tanto mato
O garoto afastou-se
Mas sua curiosidade pelo fogo nao cessara
Pegava bingas da cozinha e corria para o quintal
Sua fantasia era ser um alquimista do fogo
Estudava o queimar de diferentes folhas e insetos
Arriscava ate cozinhar
Comidas que apenas seus guerreiros de plastico comeriam
Mas mãe sempre diz
Quando cresceres vai saber que eu estava certa
E ele soube bem disso
Agora cozinha 
Mas apavora-se com a ideia de uma chama acessa esquecida
Teme que o forno o engula com tuas chamas imprevisíveis
Preocupa-se ate com um isqueiro no sol
Agora quando queima coisas, logo afaga as chamas com água fria, trazendo a calma novamente
O calor do corpo o deixa desconcertado
Do seu corpo ou de outros
Perde se em si mesmo quando a pele queima de vergonha
De forma tão absurda
Que se sente garoto novamente
O calor das presenças
Das energias
Do álcool
Dos abraços
O deixam realmente assustado
Ele aprendera a lição
Aprendeu a não brincar com fogo
Para não se mijar e seguir, sem embaraços e feridas.


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