sábado, 6 de janeiro de 2018



Porta Fechada

ela só queria amar
não sabia o que
não sabia quem
não sabia nem o que era amor
mas desesperadamente se agarrava
tripudiava e se lambuzava com qualquer possibilidade de semear
engolia a fruta da paixão até o caroço
e uma vez engasgada
não conseguia ver nada a frente
se não aquele
que poderia adentrar sua goela
compartilhar do ar
oferecer um alivio

mas ele nunca vem
o alivio nunca vem.
o que vem é agonia
escaldando o ser em espasmos assimétricos
bailando com a inexistência
em estado de desgraça

e o amor? esqueceu-se.





Porta Aberta


Quando o caos se instaurou alarmantemente
a resposta em suplica por sobreviver, foi se calar e mergulhar em si
e alcançar o primeiro fio de sanidade:

Não existe amor sem você
não existiria você, se não fosse eu
Um universo completo
um par em um só corpo
um preto e um escuro
um doando e outro também
a cautelosa sensibilidade
A coragem e a covardia que pegam as mãos
O impeto e a retração em fluxo
Mente e corpo
O principio e um fim em prol do presente.


A sincronia perfeita que agora se principia
é o atestado do que não pode se descobrir
sem a razão emocional
que os solavancos da vida te empurraram.
Esse atestado de cura pelo próprio soro
oferece o conforto de encontrar o caminho para a liberdade,
que vem lenta, imatura e crescente
despertando os olhos
para a verdade sobre amar.


Ele não é próprio. Ele não é do outro. Elu é tudo.
infeliz é aquele que não percebe
não se deixa permear
se põe ao lado, quando deveria ser o centro.
Só não ama quem não sabe amar.

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